"Estou em Choque": Mulher Trans é Espancada e Morre Após Atendimento Questionável em BH – Crime de Ódio ou Negligência Médica?

Alice Martins Alves, 33 anos, morre em Belo Horizonte após espancamento brutal na Savassi. Irmã revela agressão por três homens e questiona atendiment

Foto: Reprodução/Família de Alice Martins

"Estou em Choque": Mulher Trans é Espancada e Morre Após Atendimento Questionável em BH – Crime de Ódio ou Negligência Médica?

Alice Martins Alves, mulher trans de 33 anos, faleceu neste domingo (9) em Belo Horizonte, vítima de complicações decorrentes de um espancamento brutal sofrido em 23 de outubro na badalada Savassi. A agressão, perpetrada por três homens – um deles agressor principal –, expõe falhas no atendimento médico inicial e reacende debates sobre crimes de ódio contra a população LGBTQIA+ no Brasil.

O trágico episódio começou na madrugada de 23 de outubro, quando Alice saía de um bar no coração da Savassi, bairro nobre de Belo Horizonte conhecido por sua vida noturna agitada. Segundo relatos da família, ela foi abordada por três homens que, motivados aparentemente por preconceito contra sua identidade de gênero, iniciaram uma agressão física. Apenas um deles desferiu os golpes, enquanto os outros riam e incentivavam o ato, transformando o que poderia ser uma noite comum em um pesadelo de violência gratuita.

Trajetória de Sofrimento e Atendimento Contestado

Socorrida por uma ambulância, Alice foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul, onde recebeu apenas prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios, sendo liberada em seguida. Três dias depois, os ferimentos agravaram-se, levando-a ao Hospital Unimed, que optou por mais medicamentos e indicou uma cirurgia no nariz, sem internação imediata. Foi só no dia 7 de novembro que ela retornou ao hospital, permanecendo internada até o falecimento em 9 de novembro, vítima de complicações não especificadas, mas possivelmente ligadas às lesões cerebrais ou hemorragias internas decorrentes do espancamento.

Destaque: Voz da Irmã em Choque

"Somente um a atacou fisicamente, enquanto os outros ficaram rindo e incentivando a agressão", desabafou Marina Pereira, irmã de Alice. Emocionada, ela acrescentou: "Eu estou em choque. Eu sei que foi um crime de ódio por ela ser o que ela é e também sei que não é todo mundo que tem esse ódio. Que isso que ela viveu possa ensinar ao mundo que as diferenças é que nos tornam únicos, e não é isso que nos separam."

Investigação Policial e Repercussão Social

A Polícia Civil de Minas Gerais, por meio do Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídios, assumiu o caso e apura as circunstâncias exatas da agressão, com foco em qualificadoras como crime de ódio e transfobia. As imagens de câmeras de segurança da Savassi estão sendo analisadas, e testemunhas oculares foram convocadas. A família questiona a conduta médica inicial, alegando que um atendimento mais rigoroso poderia ter evitado o desfecho fatal. A Tribuna do Nordeste contatou a Unimed e a Fundep (responsável pela UPA), aguardando posicionamentos oficiais. O sepultamento de Alice ocorreu na tarde desta segunda-feira (10), reunindo amigos, ativistas e familiares em luto coletivo.

  • Agressão em 23 de outubro na Savassi, Belo Horizonte, por três homens motivados por preconceito.
  • Atendimento inicial na UPA Centro-Sul: apenas analgésicos e liberação.
  • Internação no Hospital Unimed a partir de 7 de novembro, com morte em 9 de novembro.
  • Investigação pela Polícia Civil como possível feminicídio e crime de ódio.
  • Declarações da irmã Marina Pereira destacam lições de tolerância e unidade.

Conclusão

A morte de Alice Martins Alves não é apenas uma perda individual, mas um grito de alerta contra a transfobia enraizada na sociedade brasileira e as fragilidades do sistema de saúde em casos de violência de gênero. Enquanto a investigação prossegue, o depoimento de sua irmã ecoa como um apelo por empatia: as diferenças nos unem, não nos separam. É imperativo que autoridades acelerem punições exemplares e invistam em protocolos de atendimento mais sensíveis. A Tribuna do Nordeste se solidariza com a família e acompanha o caso, defendendo uma sociedade mais inclusiva e segura para todos.

Por Redação Tribuna do Nordeste

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