Um vídeo perturbador, capturado por câmeras de videomonitoramento, revelou o momento angustiante em que um homem, supostamente o pai, descarta um feto em uma lixeira pública na cidade de Delmiro Gouveia, localizada no Alto Sertão de Alagoas. O incidente, que ocorreu na Rua Padre Cícero, no bairro Eldorado, na última segunda-feira (1º), gerou uma onda de comoção e indignação na comunidade local e nas redes sociais, levantando sérias questões sobre as circunstâncias que levaram a tal ato.
A Descoberta que Chocou a Cidade: Um Feto em Meio aos Resíduos
A triste e macabra descoberta foi feita por uma catadora de recicláveis, identificada como Dona Creuza, que, em sua rotina diária de trabalho, encontrou o corpo do feto em meio a resíduos domésticos. O feto estava dentro de uma mochila, descartada em uma sacola plástica volumosa.
“Eu peguei a sacola e senti algo estranho, pesado. Quando abri, vi o bebezinho lá dentro. É uma cena que a gente nunca espera ver”, teria relatado Dona Creuza, chocada com o que encontrou.
Inicialmente, a trabalhadora pensou se tratar de um boneco, mas, ao perceber características humanas e a presença de cabelos, acionou populares, que imediatamente chamaram a Polícia Militar. Equipes do 9º Batalhão da PM prontamente isolaram a área para preservar a cena, enquanto o Conselho Tutelar também foi acionado para acompanhar a ocorrência.
A Confissão e as Alegações de Aborto Espontâneo
Em um desdobramento rápido e chocante, horas após a descoberta, um homem procurou espontaneamente o 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM) e confessou ser o pai do bebê. Em depoimento à Polícia Civil, ele alegou que sua companheira, grávida de aproximadamente seis meses, teria sofrido um aborto espontâneo durante a madrugada, no banheiro da residência do casal.
O homem declarou que, sem saber como proceder diante da situação, teria colocado o feto em uma sacola e o descartado em outra rua, utilizando uma motocicleta para o deslocamento. Ele afirmou não ter consciência de que o descarte daquela forma constituía um crime.
Investigação em Andamento: Busca por Respostas
O caso, que inicialmente foi registrado pela equipe plantonista de Inhapi, está agora sob a responsabilidade da Delegacia Regional de Delmiro Gouveia, comandada pelo delegado Roberto Cavalcante. A Polícia Civil de Alagoas instaurou um inquérito para apurar todas as circunstâncias do ocorrido.
Peritos do Instituto de Criminalística (IC) realizaram os primeiros levantamentos no local. Preliminarmente, foram identificados vestígios como sangue fresco e restos de placenta junto ao corpo, o que levanta a hipótese de um parto recente seguido de abandono imediato. O corpo foi recolhido pelo Instituto Médico Legal (IML) para a realização de necropsia, cujo laudo pericial será crucial para tipificar o crime.
A polícia trabalha com duas linhas principais de investigação: se o laudo provar que o bebê nasceu sem vida (natimorto), a investigação focará na ocultação de cadáver; caso contrário, se ficar comprovado que a criança nasceu viva e respirou antes de morrer, a mãe poderá responder por infanticídio (se sob estado puerperal) ou homicídio qualificado.
As autoridades também estão em busca de imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos próximos à Rua Padre Cícero que possam ter registrado o momento do descarte, visando complementar as provas e esclarecer os detalhes do abandono.
O Debate sobre Abandono e Redes de Apoio
Este trágico episódio reacende um importante debate sobre o abandono de recém-nascidos e a urgência de fortalecer as redes de apoio para gestantes em situações de vulnerabilidade. É fundamental que a sociedade e as autoridades ofereçam alternativas e amparo para evitar que casos como este se repitam, garantindo a proteção da vida e a dignidade humana. O descarte de um feto, independentemente das circunstâncias, é um ato que demanda profunda reflexão e ações preventivas eficazes.
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