Um incidente chocante abalou a tranquilidade de um evento sertanejo em Goiânia e resultou em uma condenação judicial que lança luz sobre a responsabilidade das produtoras de shows. Luzia Rosa da Silva Rodrigues, uma fã de 56 anos, será indenizada após ser violentamente agredida na saída de um show da aclamada dupla Henrique e Juliano. O caso, que ocorreu em maio deste ano, culminou na condenação da 2M Produções, empresa responsável pelo evento, a pagar R$ 4,5 mil à vítima.
O Momento da Tensão: Um Pedido Negado e a Brutalidade
Tudo começou quando Luzia, acompanhada de sua família, tentou acessar um portão de estacionamento após o término do show. O objetivo era simplesmente facilitar a saída, mas o pedido foi prontamente negado pelos seguranças do local. Diante da insistência de Luzia, a situação escalou rapidamente para um confronto físico. Em entrevista, a própria Luzia relatou ter sido agredida após tentar passar pelo portão.
"Eu só queria passar pelo portão para ir embora mais fácil, mas eles não deixaram. Quando insisti, fui agredida", desabafou Luzia, que teve a vida virada do avesso após o ocorrido.
Um vídeo da confusão, que circulou brevemente, mostra a passadeira caída no chão, enquanto pessoas ao redor questionavam a postura agressiva dos seguranças. A médica Josiane Sabrina Azevedo, que testemunhou a cena, criticou abertamente a reação dos funcionários, reforçando a gravidade da situação e a falta de preparo para lidar com o público.
As Consequências e a Decisão Judicial
As agressões deixaram Luzia com hematomas e machucados significativos, que a impediram de trabalhar por um período, causando não apenas dor física, mas também prejuízos financeiros e abalo moral profundo. Cerca de seis meses após o incidente, a justiça interveio. A 2M Produções foi condenada a pagar R$ 4.500 à vítima, sendo R$ 500 destinados a danos materiais, para cobrir gastos e perdas, e R$ 4.000 por danos morais, reconhecendo o sofrimento psicológico e a humilhação que Luzia enfrentou.
O juiz responsável pela decisão, Vanderlei Caires Pinheiro, do 6º Juizado Especial Cível da Comarca de Goiânia, foi enfático ao afirmar que:
- Houve agressão comprovada por parte dos seguranças.
- Foram constatadas lesões físicas e abalo moral.
- O nexo de causalidade entre a agressão e os danos foi estabelecido.
A Versão da Produtora e a Busca por Justiça Completa
Em nota oficial, a 2M Produções se defendeu, alegando que o incidente ocorreu "fora da área do evento, em uma região sob responsabilidade de outros agentes". A empresa afirmou que atuou apenas no agenciamento artístico da dupla e que a responsabilidade pela estrutura e segurança cabia à UP Music Produções e Eventos, com seguranças da Office Segurança, contratada pelo Estado. A Secretaria Estadual de Esporte e Lazer corroborou essa versão, afirmando que o ocorrido se deu "em uma área fora dos limites da sede". Apesar da defesa, a condenação foi mantida, e a produtora já adiantou que irá recorrer da decisão, buscando reverter o veredito.
Para o juiz, no entanto, "todos aqueles que, de alguma forma, participam da introdução do serviço no mercado e dele auferem lucro, respondem solidariamente por eventuais danos causados ao consumidor". Ele esclareceu que o TJGO possui entendimento consolidado nesse sentido. Além da agressão, o advogado da vítima, Daniel Assunção, relatou que houve omissão de socorro.
A batalha legal de Luzia ainda não chegou ao fim. O advogado da vítima manifestou a intenção de recorrer da sentença para obter uma indenização mais justa e correspondente ao período em que Luzia ficou impossibilitada de trabalhar.
Reflexões sobre Segurança em Grandes Eventos
Este caso levanta importantes discussões sobre a segurança e a responsabilidade das produtoras de eventos de grande porte. Independentemente de onde a agressão tenha ocorrido, a integridade do público deve ser a prioridade máxima. A maneira como incidentes são gerenciados, a capacitação das equipes de segurança e a clareza sobre os limites de responsabilidade são pontos cruciais que precisam ser constantemente revisados para evitar que episódios como o de Luzia se repitam.
A sociedade espera que a justiça seja feita e que todos os envolvidos em eventos públicos garantam um ambiente seguro e acolhedor para seus frequentadores.
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