Anvisa Libera Cultivo de Cannabis para Pesquisa da Embrapa: Prepare-se para um Salto na Ciência Brasileira, Mas Não Plante em Casa!
Em um movimento que marca um novo capítulo para a pesquisa científica no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um pedido crucial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), autorizando o cultivo de cannabis exclusivamente para fins de pesquisa. A permissão, publicada nesta quarta-feira (19), representa um avanço significativo para a ciência nacional, abrindo portas para estudos aprofundados sobre o potencial da planta.
É fundamental, no entanto, esclarecer um ponto vital: esta autorização excepcional é estritamente exclusiva para pesquisa científica realizada por instituições e segue regras rigorosas de controle. Isso significa que o cultivo de cannabis em ambiente doméstico para uso pessoal ou medicinal, por indivíduos, *não está permitido* e continua sendo uma prática ilegal no Brasil.
Um Passo Gigante para a Ciência Brasileira: A Pesquisa da Embrapa
A decisão da Anvisa permite que a pesquisa agropecuária brasileira avance consideravelmente no conhecimento da planta de cannabis sob uma perspectiva agronômica, explorando suas diversas aplicações na saúde, agricultura e indústria. Com a autorização, a Embrapa dará início a três frentes de pesquisa cruciais:
- Conservação e caracterização de germoplasma: Fundamental para estudos genéticos e melhoramento da planta.
- Bases científicas e tecnológicas para cannabis medicinal: Focando no desenvolvimento de produtos e processos.
- Pré-melhoramento de cânhamo para fibras e sementes: Abrindo caminho para aplicações industriais e bioinsumos.
Diversas unidades da Embrapa estarão envolvidas, incluindo a Embrapa Clima Temperado, que será responsável pelo melhoramento genético da cannabis para fins medicinais, otimização de sistemas de produção, uso de coprodutos e desenvolvimento de bioinsumos. A autorização, no entanto, não permite a comercialização dos produtos resultantes dessas pesquisas. A Embrapa poderá apenas enviar material vegetal para propagação em outras instituições de pesquisa devidamente autorizadas.
"Esta aprovação representa um marco importante para a ciência brasileira e para o fortalecimento de uma agenda séria, responsável e baseada em evidências, voltada ao desenvolvimento de soluções sustentáveis para a agricultura, saúde e bioeconomia", afirmou Daniela Bittencourt, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF).
Cultivo Doméstico de Cannabis no Brasil: O Que Diz a Lei?
Apesar do avanço na pesquisa institucional, a legislação brasileira permanece restritiva quanto ao cultivo doméstico de cannabis. O cultivo da planta, exceto o do cânhamo industrial (variedade com baixo teor de THC para produção de medicamentos ou uso industrial farmacêutico, concedida apenas a empresas), não é permitido no país.
Indivíduos que buscam plantar cannabis para fins medicinais no Brasil ainda enfrentam um caminho jurídico complexo. Eles precisam conquistar na justiça um habeas corpus preventivo. A autorização é concedida após análise caso a caso, desde que a finalidade para uso pessoal e medicinal seja comprovada. Além disso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) recentemente adiou até 31 de março do próximo ano o prazo para que a União e a Anvisa regulamentem a importação de sementes e o plantio de cannabis para fins medicinais e científicos no país.
Os Benefícios e Formas da Cannabis Medicinal
A cannabis medicinal, obtida através da extração de canabinoides (como canabidiol - CBD, tetra-hidrocarbinol - THC, canabigerol - CBG e canabinol - CBN), tem demonstrado grande potencial terapêutico. Essas substâncias agem em várias partes do corpo, incluindo o cérebro, oferecendo alívio e tratamento para diversas condições.
No Brasil, a cannabis medicinal é utilizada para tratar uma ampla gama de doenças, incluindo:
- Dores crônicas
- Ansiedade
- Epilepsia e esclerose múltipla
- Depressão
- Sequelas de AVC e câncer (inclusive efeitos colaterais da quimioterapia)
- Autismo (melhora na interação social, redução de insônia e TDAH, embora mais testes clínicos sejam necessários)
- Parkinson, esquizofrenia e Alzheimer
Nas farmácias do país, é possível encontrar duas formas principais do medicamento: o CBD isolado e o "full spectrum", que contém CBD, THC e outros canabinoides, aproveitando o "efeito entourage" da planta.
É importante ressaltar que, embora a pesquisa e o uso medicinal avancem, o uso recreativo da maconha pode acarretar riscos à saúde, como doenças cardíacas precoces e danos à memória, segundo estudos. É crucial buscar sempre orientação médica e seguir as regulamentações vigentes para o uso da cannabis medicinal.
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